BOA NOVA
"Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito." -- Allan Kardec
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segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Resenha: Emmanuel, Médium do Cristo
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Resenha: Ignácio de Antioquia, de Geraldo Lemos Neto/Theophorus
“Acompanhamos o grande movimento de semeadura da Boa Nova do Cristo nos corações dos povos gentios, iniciado por José Barnabé de Cyprus e Paulo de Tarsus da Cilícia, e, mais tarde, desdobrado pelo próprio João e seus diversos seguidores: Johannes, Erasto, Ignácio, Heleno, Jacob, Policarpo e outros tantos.Relembramos as paisagens queridas de Antioquia da Syria, às margens do Orontes, e o devotamento de vários trabalhadores da Vinha do Senhor como Manahen, Tito, Trófimo, Tíquico, Barsabás, João de Cleofas e mais alguns...” (página 16, À guisa de prefácio, por Theophorus)
“O sol quente se refletia sobre as águas verdes-azuis do lago de Genesareth, denotando a presença do verão escaldante da Galilea.Cafarnaum era movimentado entreposto de comércio, às margens ao norte do lago também conhecido como o Mar da Galilea ou o Mar de Tiberíades.
A cidade regurgitava no atropelo das gentes de todas as procedências, cada qual demandando seguir seus objetivos imediatos, sem preocupar-se com os circundantes.
No meio da multidão, como a vaguear sem rumo certo, desventurada mulher tropeçou numa das inúmeras tendas de comércio instaladas na praça central, à beira do lago.
Malaquias, o comerciante, contrafeito ao ver suas mercadorias espalhadas desordenadamente pelo solo empoeirado, exclamou, colérico:
‘- Safa-te daqui, infeliz! Que fizeste, oh, desvalidada mulher? - Perdoai-me, senhor! – exclamou a pobre Sara. – Compadecei-vos de minha desventura!” (página 23)
domingo, 17 de julho de 2016
Resenha: A Nova Jerusalém, de Antonio Demarchi e Irmão Virgílio
Têm-se tornado bastante frequentes obras
espíritas abordando o momento de transição da Terra de planeta de Provas e
Expiações, para de Regeneração, de acordo com a escala evolutiva dos mundos,
proposta por Allan Kardec. segunda-feira, 4 de julho de 2016
Resenha: Sexualidade e Saúde Espiritual, de Alírio de Cerqueira Filho (org.)
Alírio de Cerqueira Filho, o organizador
deste volume, é o coordenador do Projeto Espiritizar, da Federação Espírita do Estado de Mato Grosso. Ele é
envolvido com o movimento espírita desde 1980. Com profissão de médico, é
também biólogo com ênfase em ecologia; pós-graduado em Medicina Homeopática,
Psiquiatria, Psicologia e Psicoterapia Transpessoal. Conta, ainda, entre suas
especificações, a Terapia Regressiva a Vivências Passadas e Especialização na
Arte de Programação Neurolinguística.sexta-feira, 5 de junho de 2015
Flávia–Sonhos e Regressões
Flávia – Sonhos e Regressões é o que podemos chamar de “romance espírita didático”. Por tratar de temas da doutrina codificada por Allan Kardec, é uma obra espírita; pela estrutura narrativa, ele se classifica como um romance. Finalmente, é didático porque tem o claro objetivo de apresentar um estudo de alguns temas do espiritismo, utilizando-se, para isto, de uma história atrativa, interessante.
Para essa resenha, fiz uma releitura da obra, anteriormente lida há muito tempo. Venho notando que o trabalho de síntese necessário à produção de resenhas me faz gravar as obras com muito mais intensidade. Não me lembrava, por exemplo, de tantos detalhes postos em evidência nesse segundo acesso.
O autor de Flávia – Sonhos e Regressões é o médico, estudioso e palestrante espírita, Dr. Ricardo Di Bernardi. O presente trabalho foi sua primeira incursão no campo ficcional; escreveu ainda uma continuação desse romance, Amor, Sexo e Vidas Passadas. Ricardo Gandra Di Bernardi é o pai de Reencarnação e Evolução das Espécies, Dos Faraós À Física Quântica, Voo Livre – Um Estudo Sobre Reencarnação, Navegando nos Mares da Imprensa, Reencarnação, Amor e Sabedoria, Temas Polêmicos do Século XXI, A Reencarnação em Xeque e talvez seu livro mais conhecido, Gestação, Sublime Intercâmbio. Um percurso de peso, como se vê.
Dr. Ricardo é médico homeopata geral e pediatra. Dedica-se também à Terapia de Regressão a Vidas Passadas. Fundou o ICEF – Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis e a AME SC – Associação Médico-Espírita de Santa Catarina. É congressista e palestrante, já tendo, inclusive, participado de Congresso Internacional, apresentando interessante pesquisa sobre a bioeletrografia (fotos Kirlian). Ou seja, além de ser um estudioso, é um pesquisador – características sempre bem-vindas ao desenvolvimento de qualquer área, notadamente à do espiritismo.
A trama envolve Flávia, uma mulher separada do marido, seus dois filhos Caio e Pietro; a amiga de Flávia, Diva – viúva de George – sua filha Isabella. Além desses, vão compor a história o Dr. Bernini – espécie de alter ego do autor –, Linus, um amigo de George e Diva; Regina e Massimo, dirigentes da instituição espírita italiana Sentieri Dello Spirito, de existência real.
Caio, filho de Flávia, tem um problema, um verdadeiro entrave a suas pretensões profissionais:
“Havia um pormenor na vida de Caio que o incomodava sobremaneira, seu temor de falar em público. Conhecia muito a respeito de determinados temas, dominava os assuntos, mas, quando se via em grupo, e lhe era solicitado pronunicar-se sobre algo, engasgava, engolia em seco e falava o mínimo. Depois, aborrecia-se ao constatar que passara a impressão de pouco conhecer sobre o tema.
Essa dificuldade lhe granjeara algumas notas medianas nas provas orais, muito aquém do seu real merecimento. Para agravar a situação, a ambição que acalentava no seu íntimo era ministrar aulas na universidade, mas, com essa dificuldade, o objetivo lhe parecia ser difícil, mesmo em porvir distante.” (página 39)
A mãe recomenda ao filho procurar o Dr. Benini, famoso médico que desenvolvia a terapia do insight, metodologia vinculada à regressão de memória. Esse profissional trabalhava com o paciente consciente, levando-o a mergulhar no passado, indo até mesmo a uma existência passada. Na verdade, além de sentir essa timidez diante do público, Caio se caracteriza por ser de caráter introspectivo (não confundir com timidez), mais interiorizado e metódico. Gosta de arte, de leitura, assiste a documentários e prefere música erudita.
Bem ao contrário do irmão Pietro, mais novo, de porte atlético, extrovertido, namorador, esportista – é jogador de basquete. Entre os dois irmãos, apesar de um ser o oposto do outro, reina um clima fraternal, para o orgulho de Flávia.
Os problemas se aceleram quando Flávia passa a ter sonhos, cada vez mais detalhados. Ela se sente identificada com a personagem Flávia Flamínia, filha do senador Octávio, nos tempos do imperador romano César Augusto, em cujo período também se notablizara o poeta Publius Ovidius Nasão, mais conhecido como Ovídio. A reincidência desses sonhos leva Flávia a também procurar o Dr. Bernini.
Os acontecimentos do passado e seus desdobramentos no presente acabam por fazer os personagens se integrarem de novo. Os envolvimentos amorosos do passado se repetem no presente. Alguns conflitos, algumas dificuldades também, pois nem todas haviam sido relações tranquilas, ainda mais dentro de um contexto diferente, como o de Roma antiga e sua cultura.
Diva participa da instituição chamada de Sentieri Dello Spirito e, juntamente com o Dr. Bernini, são a voz “didática” que explica os fatos, as relações, sob uma ótica espírita. Sempre de maneira bem dosada, as informações são passadas ao leitor, o que nos faz pensar que o autor tinha em mente a preocupação de orientar um possível leitor neófito nos assuntos do espiritismo. Tal se torna evidente em dois momentos principais da narrativa: a troca de e-mails entre Caio e o Dr. Bernini, com a entrada posterior de Flávia nessa troca de informações e mais tarde, quando de uma roda de discussões entre vários dos personagens e o famoso terapeuta.
A obra alia uma ótima pesquisa histórica sobre a Roma dos césares, um sólido conhecimento da doutrina espírita e um providencial glossário de referências técnicas e históricas.
O livro é escrito servindo-se o autor de um tempo não completamente ordenado cronologicamente, como seria de se esperar num romance em que vidas passadas (ou, se quiserem, vivências passadas) são um ponto tão importante. O enredo é quebrado por incursões no passado, primeiro pelos sonhos espontâneos de Flávia; depois, pelas recordações induzidas nas sessões de terapia do Dr. Bernini. As lembranças de Caio, ainda que tenham menor importância narrativa, também proporcionam essa quebra temporal.
Não espere, leitor, um romance psicografado, pois não é o caso desta obra. Ricardo Di Bernardi esclarece o fato já na introdução do trabalho. E – do ponto de vista de literatura strictu sensu (sentido estrito, técnico) – não espere ter em mãos um livro de excelentes pendores literários. Na verdade, a obra chega a resvalar, em alguns trechos, nos romances do tipo água-com-açúcar; a seu favor, Ricardo sai-se muito bem dentro do seu projeto, a saber, produzir um romance didático. A história contada consegue segurar a atenção do leitor até o fim, mas a prata da casa são as informações. É um trabalho honesto, fiel ao que se propõe e fiel ao preconizado pela doutrina espírita.
Leia-o, se puder.
BERNARDI, Ricardo Di. Flávia – Sonhos e Regressões. 1ª edição. Editora Intelítera. São Paulo, SP: 2011.
segunda-feira, 4 de maio de 2015
Sinfonia da Alma, de Ana Cristina Vargas/Espírito Layla
Ana Cristina Vargas iniciou seus estudos da doutrina espírita quando contava com apenas 17 anos. Sua curiosidade em entender como funcionavam os ditos fenônemos mediúnicos a levaram por esse caminho. Em 2000, começou o trabalho de psicografia de livros, inicialmente inspirada e instruída pelo espírito José Antônio e dessa parceria surgiram as obras Tihuantinsuyo – Os Quatro Cantos do Mundo, subdividos em O Herdeiro, A Virgem do Sol e O Fim E O Início; Ídolos de Barro, Dramas da Paixão, Escravo da Ilusão, O Bispo, Na Ponta dos Pés, O Quarto Crescente, Intensa Como O Mar, A Morte É Uma Farsa. Em colaboração com o mesmo José Antônio e o espírito Layla, produziu a trilogia Em Busca de Uma Nova Vida, Em Tempos de Liberdade e Encontrando A Paz. O último trabalho, esse Sinfonia da Alma, é inspirado somente pelo espírito Layla.
A médium é natural da cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, sendo também fundadora da Sociedade de Estudos Espíritas Vida, na mesma cidade. Algumas dessas obras estão há um tempo fora de catálogo, mas ainda é possível achá-las em sites de venda de livros. O Bispo está em nova edição, à disposição dos leitores.
Sinfonia da Alma nos relata um pouco da vida da personagem Denise. Desde pequena, ela convive com um problema estranho: é sonâmbula e quando está nesse estado, assume uma personalidade diferente da atual Denise; entoa canções folclóricas em provençal e mantém contato com alguém chamado Anton, visivelmente muito caro a ela.
Denise também tem outra característica: ama apaixonadamente a música. Sua mãe, Marlene, não aprova a escolha da filha; música não dá futuro a ninguém, no seu modo de entender. Já o pai tem gênio apaziguador, apesar de também não entender a escolha da filha. A conselho dele, no intuito de melhorar as relações entre Denise e Marlene, ele sugere à menina fazer um curso a gosto da mãe e, ao mesmo tempo, cursar sua tão querida faculdade de música.
Os caminhos da vida levam Denise a Paris, pois ela obteve uma bolsa de estudos para se aprimorar em canto lírico na cidade-luz. Nova vida, longe dos problemas com a mãe, que simplesmente não conversa mais com ela, Denise faz novos amizades: Maurice, amigo de primeira hora; Charlotte, companheira de quarto; Max, inglês, residente em Paris e amigo de Charlotte.
Os acontecimentos conduzem Denise a entrar em contato com sua personalidade do passado e novos fatos vão se desencadear, conduzidos por amigos da espiritualidade que se interessam em seu crescimento como espírito encarnado.
Dois personagens magníficos, Berthe – de 63 anos e residente na cidade de Nancy, tia de Charlotte – e Bertoldo, colaborador de Berthe serão de fundamental importância nos eventos futuros. São espíritas, trabalhadores experientes, convocados pela espiritualidade para a tarefa de auxiliar Denise.
O livro é rico e explora o tema da educação mediúnica, além de outros subtemas, não menos importantes, como a liberdade de cada um, a resignação para vencer as provas necessárias ao nosso adiantamento espiritual, o mal que podemos fazer a nós mesmos quando somos excessivamente críticos dos outros e nos mantemos numa postura rígida demais diante dos pulsos renovadores da vida.
De todos os livros desses autores – Ana Cristina, José Antônio e Layla – li quase todos, apenas A Morte É Uma Farsa está à espera. Ídolos de Barro, por exemplo, já li quatro vezes, e pelo jeito, ainda vou lê-lo mais vezes; pelo menos, mais uma vez, pois desejo resenhá-lo para este blogue.
Portanto, com esse histórico, nem é preciso recomendar a leitura de tais obras. Sinfonia da Alma não foge à qualidade de texto tão característica desses autores e à fidelidade à doutrina kardequiana.
Eis alguns trechos para degustação:
“- É de algum espírito? No Brasil tem muitos.
- Não, querida, é de Balzac.
Denise fez uma expressão de espanto, conhecia o nome do escritor, mas nunca o havia associado a questões de espiritualidade. Aliás, precisava confessar que nunca lera qualquer dos clássicos da literatura francesa.
- Conheço o nome, não sabia que ele escrevia sobre esse assunto. Sei que ele é tido como um clássico da literatura francesa.
- Sim, ele, Victor Hugo e outros escritores da época clássica da literatura francesa eram espiritualistas. Foi um período de investigação e questionamentos, e era natural que esses pensadores tivessem se interessado pelo espiritismo. Mas, para ser justa, esse tema acaba permeando a obra dos pensadores desde a antiguidade até os tempos contemporâneos. Seráfita [de Balzac] será um boa leitura para começar.” (página 176)
“- Claro. O homem mais feio e o mais encantador da cidade. Quem não conhece Bertoldo? Ele é um encanto. Faz tempo que não o vejo. Como está? Muito desarrumado?
- Ah, Charlotte, não fale assim. Ele é tão meigo!
Charlotte riu. “Bertoldo é uma espécie de Shrek da vida real”, pensou.” (página 216)
“Berthe olhou a mão estendida e encarou a jovem. O medo estava ali, um grande monstro velho, pálido e pesado, fragilizando sua hospedeira. Uma cena sentimental, lágrimas e palavras comoventes seriam suficientes para alimentar esse monstro. Então Berthe cruzou os braços e respondeu séria:
- Vença-o. Domine-o. Cresça. Eu me disponho a orientá-la, mas não vou segurar a sua mão. Você não precisa de bengala e não quero dependente. Nós somos seres individuais, temos todo o necessário para viver sobre as próprias pernas. Se você beber da minha força, não descobrirá a sua. A cada dificuldade do caminho, correrá à minha procura. Chegará um dia em que estarei exausta, cheia de você até as orelhas, porque ninguém aguenta ser sugado, sem saber o que lhe tomam. Dependentes simplesmente tomam a vida do outro. E quando chegar o dia em que eu não mais quiser lhe dar a mão e deixar-me sugar, você continuará como uma criança dominada pelo medo. Ele, o medo, terá comido a sua vida e, por tabela, a minha. Você não cresceu, porque se acomodou à dependência e não desenvolveu suas forças. O medo paralisa e a preguiça entretém a estagnação. E o tempo escoará pelos dedos e ficaremos as duas de mãos vazias. Então, Denise, vamos deixar claro desde já: eu a oriento, você estuda e trabalha pelo seu progresso. A luta é sua, encare-a. Não me estenda a mão, trabalhe por si mesma em vez de mendigar as forças alheias. A espiritualidade não é piegas, querida.” (página 204)
Talvez, leitor, esse último trecho transcrito da página 204 lhe pareça excessivamente duro, impiedoso, sem caridade. Entretanto, muitas vezes isso acontece na relação entre terapeuta experiente e paciente, quando este último se recusa a reagir. É a terapia do choque emocional. Realmente, não há lugar para acomodações em nossa evolução, pois tudo é provisório, impermanente. Evolução é sinônimo de movimento. Muito do nosso sofrimento acontece exatamente por admitirmos em nosso íntimo esse monstro, o medo.
Se puder, não perca a leitura muitíssimo proveitosa dessa obra, caro leitor.
VARGAS, Ana Cristina. Espírito Layla. Sinfonia da Alma. 1ª Edição. Editora Vida e Consciência. São Paulo, SP: 2014
