Elizabeth Pereira, médium que psicografou a presente obra, nasceu em 8 de junho de 1969, em Oliveira, Minas Gerais. Reside na mesma cidade até hoje. Aproximadamente aos 20 anos, encontrou um exemplar de O Evangelho Segundo O Espiritismo, de Allan Kardec. Iniciava-se ali seu contato com o espiritismo. Ingressou no Grupo Espírita Jesus de Nazaré, no qual ainda atua.
O espírito identificado como Sophie é dedicado ao estudo da história da humanidade. Segundo nos informa a orelha do livro Alef, “trabalhou na codificação espírita e na abolição da escravaura no Brasil. Atualmente, dedica-se à divulgação do Espiritismo.”
A dupla afinada deu à luz outras obras: Horizonte Vermelho, ambientado na Irlanda do século 12; como pano de fundo, a batalha que levou os cruzados à tomada de Jerusalém das mãos dos muçulmanos. Sob A Égide da Cruz aborda uma história de amor que perpassou os séculos, com ambientação no Brasil do século 19. O Segundo Grande Elo aborda os episódios ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial; é composto de 14 histórias sobre homens e mulheres e suas vidas entrelaçadas.
Alef é uma narrativa que se espraia, competentemente, por 437 páginas, com ação ambientada no Egito Antigo. Excelente ritmo narrativo, dividido em 44 capítulos, com revelações importantes e hamoniosamente distribuídas ao longo do livro. E serão revelações não só com respeito aos vários personagens envolvidos, mas igualmente com referência a certos conhecimentos de cunho espírita.
Pelas páginas do livro desfila Haemon, um sábio grego tornado conselheiro do faraó Hakor (também conhecido pelo nome helênico de Acoris), da XXIX dinastia, de 393 a 380 a. C. Juntam-se ao sábio: Kyia, a grega Dimitrula, o sacerdote Sobeknefru; Nefertari, de complexa personalidade, irmã de Nitikerty; Proteu de Mileto, um mercenário grego com seus soldados, a soldo do faraó; a doce e evoluída Amonet; Lamech e Eber, ambos da fraternidade dos Essênios; Kenefer, bondoso e desprendido, esposo de Afra e de Kya (mais tarde, ele concede o divórcio a esta, pois Kyia se apaixonara profundamente por Proteu de Mileto).
O ponto central da trama – considerado de um ângulo mais superficial – é a busca do Alef, um documento que não deve cair em mãos escusas e por isso mesmo recebe toda a proteção possível. Reza a lenda, aquele que o ler morrerá inapelavelmente. Em termos mais profundos, a obra trata das preparações necessárias à vinda da Grande Estrela (Jesus), fato que ocorrerá uns quatrocentos anos mais tarde do momento histórico abordado pela obra.
Abordando algumas encarnações dessa galeria de personagens, sempre acessorados por uma equipe de espíritos trabalhadores no planejamento da reencarnação do Logos Planetário, a obra nos mostra, de modo cabal, a oportunidade de evolução concedida àqueles espíritos que resolvem aproveitá-las. Uns se perdem nos desvãos de suas vidas pequenas; outros se encontram a cada passo.
É assim que Haemon, Eber, Amonet e Kenefer tiram o melhor proveito possível de suas experiências reencarnatórias; todos terão papel de importância nas preparações para o grande evento do cristianismo – mas o destaque mesmo será Haemon. Kyia é um espírito ainda permeável às más sugestões de seu próprio ego e de espíritos não comprometidos com o bem.
Algumas passagens podem ser transcritas para a degustação do leitor, sem entregar spoilers:
“O que eles ainda não sabiam era que não se tratava de voltar ao tempo de Chefrem e sim de voltar para dentro de si mesmos em busca de suas próprias memórias do tempo em que tinham vivido no reinado de Chefrem; de lembranças arquivadas na memória do espírito imortal, no eu maior, no inacessível à memória física pelo simples fato de o físico não as possuir. O corpo fora criado para aquela reencarnação e continha informações sobre ela, ao passo que o ser imortal que ali habitava fora criado muitos milênios antes, e guardava informações que nem caberiam nele.” (página 239)
“- Com certeza um dia terão de se separar a fim de que canalizem esse amor para a caridade pura. Se assim não for ficarão estacionados, amando-se mutuamente, sem crescer no amor universal que é o plano maior.” (página 247)
“- Acredito que o plano maior era despertar em vocês um bom sentimento, e o melhor jeito de fazê-lo é justamente este: um nascer como homem e o outro como mulher. E para acelerar o processo, o ato de cuidar e ser cuidado desperta em um a compaixão e no outro a gratidão, duas emoções maravilhosas que, com a mistura dos sexos opostos, resultam no sentimento primitivo que evoluirá com certeza para o amor universal.” (páginas 254)
Portanto, temos aí uma trama envolvente, com ingredientes da paixão entre seres, superação de obstáculos difíceis, reforma íntima, busca persistente da solução de um segredo, revelações sobre o projeto para a vinda do Cristo à Terra, influência de espíritos degredados de Capela (tema tão caro ao espiritismo), a constante assistência espiritual em nossas vidas, a sempre nefasta obsessão de espíritos trevosos. E tudo isso embalado pelo talento na condução do sequenciamento de ações e construção dos personagens, além do uso adequado da escolha pelo português formal.
Alef é uma obra para leitura e releitura. É livro para se ter em uma biblioteca particular. Como toda boa literatura espírita, fornece-nos conhecimentos, reflexões para o nosso próprio engrandecimento e melhor compreensão das leis divinas e da essência dessa fantástica doutrina chamada Espiritismo.
PEREIRA, Elizabeth, espírito Sophie. Alef. Vivaluz Editora, 1ª Edição. Atibaia, SP: 2014.
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