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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Transição Em Curso

por Cleuber Marques da Silva

É muito difícil falar-se sobre o tema espírita “Transição no planeta Terra” sem se parecer catastrófico, dadas as modificações pelas quais o mundo está passando ou “cor-de-rosa” demais, numa abordagem muito superficial. Tentaremos, desta forma, nem caminhar para o precipício, nem manter-nos na superfície acomodadora. Propomos, neste pequeno texto, falar sobre alguns pontos: uma breve introdução histórico-espírita, a classificação dos estágios evolutivos dos mundos, feita por Allan Kardec e, por fim, fazer algumas reflexões sobre a atual transição. Uma bibliografia, necessariamente incompleta, encontra-se no final, para quem desejar realizar seus próprios estudos. Não é uma tarefa das mais simples, como se vê.

  • contextualização histórico-espírita

A Terra já passou por grandes transformações desde a sua criação, há 4,6 bilhões de anos. No início, diz-nos a ciência, as condições climáticas não permitiam o aparecimento da vida; temperaturas extremas, tanto pela incidência direta do sol como pela atividade intensa dos vulcões. Ao correr do tempo, porém, essas mesmas condições vão melhorando, a temperatura já permite o surgimento da vida, ainda que de seres simples. Inicialmente, seres monocelulares, ainda sem a membrana nuclear definida (seres procariontes); muito tempo depois, aparecem elementos com um núcleo celular bem definido (seres eucariontes). O próximo passo aponta para os organismos multicelulares.

Assim, lentamente evolui a vida, do mais simples ao mais complexo, ganhando biodiversidade. Mudam também as condições geológicas do planeta: movimentam-se as placas tectônicas sobre as quais estão os continentes, fracionando o suposto supercontinente primitivo (teoria da pangeia) em diversos continentes menores. Os continentes continuam à deriva, produzindo alterações sísmicas nas áreas de atrito entre as placas. Do ponto de vista da temperatura, altera-se também o clima, com a Terra ora vivendo períodos de aquecimento global, ora de esfriamento (Eras Glaciais). Informa-nos a ciência que houve pelo menos umas 6 Eras Glaciais.

Considerando o ponto de vista espírita, várias transformações também ocorrem. Obedecendo leis regedoras do Universo, exilados de outros mundos aportam à Terra. A tradição espiritista nos revela serem espíritos emigrantes de Capela, um dos mundos que compõem a Constelação do Cocheiro, a 45 mil anos-luz distante de nós.

Capela vivia seu momento de transição entre mundo de provas e expiações e mundo regenerador; aquela parcela da humanidade capelina que não se afinava com os novos parâmetros programados para a sociedade ali encarnada foi transferida para Terra, onde as condições duríssimas de vida aproveitariam a maior evolução intelectual e tecnológica dos recém-chegados em prol da evolução terrena. De acordo com dados de Emmanuel, em “A Caminho da Luz”, tais degredados são a base da civilização sumeriana, egípcia, grega e, muito provavelmente, das civilizações pré-colombianas.

Hoje, sabemos que não foram somente espíritos oriundos de Capela a se somarem à civilização do nosso planeta. Chegaram-nos entidades provindas de Sírius, das Plêiades e de Órion, pelo menos. É extremamente interessante lermos os depoimentos do cientista Robert Temple no livro “O Mistério de Sírius – Novas Evidências Científicas de Contato com Alienígenas Há 5 Mil Anos”, em que constata o inexplicavel conhecimento astronômico de um povo primitivo a respeito do sistema trinário de Sírius. Ressalve-se que Temple vincula-se à tese do conhecimento transferido à tribo dos Dogons por contato extraterrestre, ideia que, diga-se de passagem, tem convencido muitos estudiosos desde “Eram Os Deuses Astronautas”, do escritor suíço Erich Von Däniken

  • classificação kardequiana das etapas evolutivas dos mundos

1) Mundos Primitivos

Os mundos, no início, não abrigam as condições de vida. Temperaturas altíssimas, instabilidade dos materiais que os formam, enorme quantidade de vulcões em frequentes erupções. Pouco a pouco, entretanto, aquelas condições se amenizam e o surgimento da vida, ainda que no domínio do microscópico, se manifesta. Na Terra, gigantescos répteis dominam a cena, com os dinossauros, os tiranossauros, os tricerátops, etc. São animais de sangue frio, adaptados para viver sob um sol abrasador. Chega a época, entretanto, do domínio dos animais de sangue quente, os mamíferos vão se espalhando pelas terras. A vida já é abundante e variada; os oceanos estão cheios de peixes, bizarros seres cruzam o espaço, em enorme envergadura. Suas asas são cobertas de pelo, anunciando as aves futuras. E eis que aparece o Homem, ainda em corpo rude para ser capaz de enfrentar as forças hostis da natureza. Mas, aos poucos, vai se aprumando sobre dois pés; passa por adaptações: sua caixa craniana torna-se maior, apresenta uma incipiente inteligência e logo domina o fogo. É governado quase que exclusivamente pelos seus instintos: sobrevivência, perpetuação da espécie.

2) Mundos de Expiação e Provas

Aqui vive o Homem bastante melhorado, organizado em sociedades. Ganha o relativo livre-arbítrio, que se alarga quanto mais cresce sua percepção do mundo e dos seres que o cercam. Nesses mundos, entretanto, o mal ainda predomina sobre o bem; as reencarnações são de provas por que todos os humanos têm de passar, acrescidas das expiações de faltas pregressas. É a realidade da Terra hoje. Não obstante, caminhamos para a aquisição de bens maiores, tanto material quanto espiritualmente.

3) Mundos de Regeneração

Nessa etapa, os espíritos encarnados não têm mais a expiação de faltas passadas, conquanto ainda estejam submetidos às provas. A alma encontra nesses orbes a paz, a calma, o repouso e acaba por depurar-se. Não existem as nossas paixões desordenadas; todavia, ainda não é a perfeição. Continuamos submetidos a um corpo de carne e sujeitos às imposições desta condição.

4) Mundos Ditosos ou Felizes

As condições material e moral são muito diversas. Os corpos nada têm da materialidade terrestre e as doenças estão completamente superadas. A forma é sempre a humana, mas aperfeiçoada, embelezada. Vive-se, a partir de agora, a realidade do “amor ao próximo como a si mesmo”. Nada perturba a tranquilidade social; as expressões artísticas tentam traduzir a Beleza. As autoridades são reconhecidas por todos pelo seu denodo em fazer o que for melhor para todos.

5) Mundos Celestes ou Divinos

São habitados pelos espíritos puros, aqueles que atingiram a perfeição. Estão logicamente livres das peias das encarnações. Gozam de muita liberdade e podem ir aonde forem mais necessários, sendo executores da vontade divina.

É forçoso dizer que a divisão de Kardec é apenas didática; na verdade, não há limites tão precisos na senda evolutiva. A ascenção do espírito, o retorno à casa do pai é feita num contínuo e as classificações acima são como pontos mais evidentes.

  • planeta em transição

Vimos, em nosso pequeno estudo, que as transformações geológicas, biológicas, sociais, morais, espirituais são uma constante. Nem podia ser diferente, pois tudo evolui, de acordo com a Lei Divina. Numa série de ações e reações, evoluciona o Homem – quer dizer, o espírito encarnado – hão de evoluir as condições que lhe dão sustentação à Vida. Apura-se a sociedade porque seu elemento fundamental igualmente se apura; os costumes modificam-se; sua cultura lhe é espelho. Nossos corpos acompanham a movimentação evolutiva do espírito, embora nosso curto tempo de vida não nos deixe percebê-lo.

O planeta Terra vive seu período de transição e isto é marcado de várias maneiras. Cientistas constatam que os terremotos, nos últimos dez anos, têm sido muito mais intensos. Eventos de efeito globalizado vêm sendo notícia nos meios de comunicação; tsunamis, vulcões despertados, tempestades ocasionadoras de enchentes, furacões destruidores de tudo em sua passagem. A violência cresce no seio da sociedade, deixando em todos a sensação de insegurança e medo. Drogas viciam pessoas de qualquer classe social e o ser humano, realmente, parece a besta apocalíptica, comentendo assassínios, desvairios estarrecedores. O mal nunca esteve tão aparente.

De autores espíritas de larga autoridade vêm-nos avisos de que o umbral está vazio. A justiça divina concede sempre uma chance àqueles espíritos recalcitrantes; mal aproveitadas as oportunidades, restam a estes se verem conduzidos a mundos menos evoluídos, para que lá, ainda assim possam evoluir, levando suas conquistas pessoais a uma sociedade mais rude, que tem a aprender com eles.

O futuro não está pronto. Ele será uma consequência do presente. Nossas ações de hoje terão a reação consequente no porvir, assim como muito do que vivemos hoje é resposta aos atos do passado. Claro está, existem diretrizes divinas, destinadas a nos conduzir de volta à casa paterna, mas tais diretrizes primam pela justeza. Ademais, a ideia de um Deus punitivo não cabe dentro da inteligência do homem de agora. As ações divinas são pedagógicas, buscam  colocar no carreiro a ovelha desgarrada, para usar a linguagem agropecuária da Bíblia.

Muito embora não seja uma unanimidade entre os espíritas, havendo mesmo quem o combata como “espírito pseudo-sábio”, o autor espiritual Ramatís é quem nos deu a conhecer, há muito tempo, pormenorizadas informações sobre esse período de transição da terra, pela psicografia do médium Hercílio Maes, em seu “Mensagens do Astral”, publicado em 1956. Fica a polêmica, pois esta obra foi apreciada por ninguém menos que o espírito Emmanuel, pela mediunidade de Chico Xavier, apesar de não ser objetivo desse estudo polemizar tal questão.

Obras cada vez mais presentes nos infundem a confiança de que não estamos sozinhos (na máxima ocultista, “o universo inteiro conspira a nosso favor”). Espíritos evoluídos têm encarnado entre nós, para ajudarem da melhor forma possível na condução do processo de transição. É hora, portanto, de exercermos nossa vontade de mudança, dando prioridade ao Homem Novo já anunciado dentro de nós. Afinal, tão importante quanto aquele que deseja ajudar é a aceitação daquele que deve ser ajudado.

Não caiamos na armadilha argumentativa de “se o outro é desonesto, não tem importância eu também ser”. Nossa prestação de contas final é com o Pai, nossa harmonização é com as leis emanadas de Deus; devemos respeito ao próximo, é verdade, mas devemos respeitar nossa própria consciência.

  • Bibliografia

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RUIZ, André Luiz. Espírito Lúcius. No Final da Última Hora. 1ª edição. Campinas, SP: Espírito da Letra, 2011.

__________________________. Esculpindo o Próprio Destino. 1ª edição. Araras, SP: IDE, 2008.

__________________________. Despedindo-se da Terra. 5ª edição. Araras, SP: IDE, 2009.

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SCHUBERT, Suely Caldas. Nas Fronteiras da Nova Era. 1ª edição. Santo André, SP: EBM, 2013.

NOBRE, Marlene & NETO, Geraldo Lemos. Não Será em 2012 – Chico Xavier revela a data-limite do velho mundo. s/ed. São Paulo, SP: FE Editora, 2011.

FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Transição Planetária. 3ª edição. Salvador, BA: LEAL, 2011.

_____________________________________________________. Amanhecer de Uma Nova Era. 2ª edição. Salvador, BA: LEAL, 2012.

MOREIRA, Denis. A Grande Transição da Terra. 1ª edição. São Paulo, SP: Lúmen Editorial, 2012.

RESENDE, Isoldino. Espírito Ismael. Planeta Terra em Transição. 4ª edição. Belo Horizonte, MG: Chico Xavier Editora e Distribuidora, 2012.

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CAMPOS, Pedro de. Espírito Yehoshua Ben Nun. Colônia Capela, A Outra Face de Adão. 3ª edição. São Paulo, SP: Lúmen Editorial. 2002.

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XAVIER, Chico. Espírito Emmanuel. A Caminho da Luz. 37ª edição. Brasília, DF: FEB, 2008.

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MAES, Hercílio. Espírito Ramatís. Mensagens do Astral. 10ª edição. Rio de Janeiro, RJ: Livraria Freitas Bastos, 1993.

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FONSECA, Mauro. O Último Êxodo. 4ª edição. Rio de Janeiro, RJ: Societo Lorenz, 1996.

MARTHO, Gilberto Rodrigues & AMABIS, José Mariano. Fundamentos da Biologia Moderna. 4ª edição. São Paulo, SP: Editora Moderna, 2009.